Pode-se ensinar fotografia de três modos; o técnico (prático), o conceitual (teórico), e o filosófico (semiótico).
Para quem faz da fotografia o seu meio de expressão, as três abordagens andam de mãos dadas, logo há de se ter um certo domínio de todas (além de cultura geral; visitar muitos museus, galerias, livros e praticar a reflexão). Para quem quer apenas discutir fotografia, os conceitos e a filosofia são prioritários. Para quem quer fotografar comercialmente, a prioridade é a técnica.
O que se observa, porém, é a exclusão do “não-prioritário” na formação dos fotógrafos; os ensinadores teóricos acabam desprezando as técnicas mais elementares em favor da linguagem; os filosóficos admiram, por vezes com evidente inveja, os talentosos, mas conceituam a fotografia realizada de forma abstrata, distante; e os técnicos se aprofundam nos tecnicismos, nos mais ínfimos detalhes de equipamentos que muitas vezes nem chegam a ser usados.
Esta evidente separação do que deveria ser uno, gera as distorções de percepção que temos visto tanto em quem ensina, quanto em quem aprende. Ensinar técnica fotográfica sem se preocupar com a linguagem? Qual das técnicas? Cada ramificação da fotografia requer um tipo diferente de aproximação! Passo-a-passo com exercícios repetidos de situações “reais”? O aluno se transforma em um macaquinho treinado, que vai repetir o que aprendeu pelo resto da vida, se tornando inoperante em situações que sejam diferentes do “usual”.
Na outra ponta, uma fotografia teorizada, idealizada, ensinada por quem mal sabe fotografar, acaba por vezes distanciando o estudante do que é realmente fotografar, frustrando e por vezes deixando perplexo aquele que consegue pré-visualizar o resultado, mas não consegue executá-lo.
Tenho como certo que, quaisquer que sejam as pretensões de quem quer aprender, a sua fotografia só pode se beneficiar se os três fatores estiverem em equilíbrio e as prioridades bem definidas; e isto requer tempo. Tempo de absorção, de reflexão, de treinamento, de escolha de caminhos.
Quem faz um curso, workshop ou consultoria de fim-de-semana e “acha” que vai sair dali fotógrafo, está se enganando, ou sendo enganado.
Quem faz um curso acadêmico absolutamente teórico, por mais longo que seja, e “acha” que vai sair fotógrafo, também está se enganando.
Correndo o risco de ser repetitivo, teoria, prática e o porquê da fotografia *não são excludentes*, e sim a base para se chegar a algum lugar. O estudante que souber enxergar isso mais cedo, vai conseguir apurar o seu olhar, a sua técnica e a sua cultura fotográfica de maneira mais consistente.
Nada mais chato do que aqueles que entendem tudo de equipamentos, mas não possuem um olhar fotográfico. Fotografam mal.
Nada pior que aqueles que só citam os “nomes certos”, e justificam a sua fotografia medíocre com filosofias (da Caixa Preta, da Camara Clara, do Rato Cinza, pouco importa).
Claro que tudo isto se torna absolutamente irrelevante para quem nasce com talento.
Mas esses são muito raros…
Os equívocos do aprendizado fotográfico.
10/05/2009 por clicio
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Perfeito!
Essa é minha grande busca…
boa reflexão clício, colocarei a cabeça no travesseiro pensando nisso hoje à noite…
Muito bom o texto… digo, meio “desabafo”, não? 🙂 Daqueles que a gente dá quando esbarra com extremistas…
Eu agregaria um ponto: o da consciência. O importante disso tudo é saber que, se você quer ser um bom profissional, deve estar firme neste tripé de conhecimento. Digo isso porque eu, por exemplo, sou e pretendo continuar sendo amador, mas sei (ou tento sempre ficar atento) pra que lado devo correr pra melhorar este ou aquele aspecto das minhas fotos, na urgência que meu coração mandar, sempre ciente dos contras de não seguir pelo outro caminho naquele momento. A consciência nos dá a humildade de saber o que ainda não sabemos, e pra onde podemos crescer.
Abs,
André,
Não é bem um desabafo, é uma constatação.
Há inúmeros fotógrafos que se dizem profissionais, mas só sabem apertar botão; outros se dizem artistas, mas não sabem fotografar.
Por outro lado, tem muita gente que acha que pode ensinar, sem nada saber; outros que muito sabem, mas não fotografam.
Esta esquizofrenia do ensino da fotografia tem que acabar, não?
🙂
Sem duvida Clicio. A esquizofrenia tem que acabar. Mas eu acho que não vai… infelizmente. 😦 Estamos na era do caos da informação, ou da anarquia, se preferir. A fotografia hoje sofre o que o design sofreu nos anos 90 com o surgimento do webdesign e a consequente banalização do “ser designer”. Hoje qualquer um pode “ser fotógrafo”. E de fato pode, se ser fotógrafo for ser capaz de fotografar, de registrar simplesmente pelo registro.
Acho que a boa notícia é que isso passa, como passou para os designers. Hoje os fotógrafos profissionais como você sofrem com a banalização da fotografia, mas também podem ganhar e ajudar na solução do problema, como no seu caso com seus livros, textos e videos. Acredito que o lance é não sermos nem radicais, nem anacrônicos – ignorando as mudanças do tempo, nem temerosos demais. 🙂
Abs,
André disse: “Acredito que o lance é não sermos nem radicais, nem anacrônicos – ignorando as mudanças do tempo, nem temerosos demais.”
Nem temeroso, nem anacrônico, André !
Talvez eu esteja escorregando para um certo radicalismo, mas que considero saudável em vista da mesmice embotada do “desce o dedo no botão”.
Olha só, sou designer por formação; não tenho coragem de dizer que sou designer, pois não exerço com a mesma paixão com que fotografo. Uma de minhas mestras de design, *chorava* em aula ao defender o Design!
A conclusão é que eu *tenho* que lutar pela boa fotografia!
talento: meio caminho (fundamental) andado! sem ele o mais citado no seu texto é apenas atalho para lugar nenhum….
Um mantra!
Excelente texto, objetivo e com um ponto claramente defendido. E apoiado. abraço,
Cadu
Engraçado como certas coisas aparecem em determinado momento, tenho lido muito sobre mercado, sobre técnica, sobre filosofia (câmara clara como você mesmo citou), parece que todos esses pontos convergem para um único: que é ser objetivo. Ser honesto consigo e saber o que se pretende com esse rumo. Assimilado isso, o céu se abre.
O que tenho visto é uma série de amadores que gostam de fotografia mas não sabem nem mesmo em que área atuariam, ou até mesmo sabem mas não tem idéia de como chegar até ela.
Abraços,
Ronaldo,
A objetividade é fundamental quando se queira determinar os pesos da teoria, filosofia e técnica no aprendizado; pelo menos esta é a forma que acho menos dolorosa…
Sem a técnica não há como registrar o olhar (talento), porém com a técnica é possível realizar (através de um lay out); conhecer as ferramentas que se usa, facilita a tarefa ao executar o que a mente cria. Mas para que tudo isso seja cúmplice a seu favor no momento do click (seja ele definitivo ou não), terá a experiência como certa a te nortear, e essa necessita do tempo.
Ninguém sabe tudo a ponto de não ter nada a apreender. Abs
Parabéns pelo belíssimo texto e muito obrigado, era justamente o que eu estava procurando. Estou parado na profissão tentando entender meu caminho (me identifiquei muito com essa frase: “Tempo de absorção, de reflexão, de treinamento, de escolha de caminhos.” mas estava meio perdido, meio sem saber como fazer. Seu texto tem algumas coisas que já sigo mas tem o que me faltava. Valeu pelo sua grande disposição de ajudar os outros e com certeza ajuda o mercado como um todo.
Abraços.
Oziel,
Fico realmente feliz em poder ajudar a quem quer que seja.
Obrigado a você, por comentar e deixar aqui as suas incertezas!
Excelente texto!
Clicio, você tem toda razão. Conheço inumeras pessoas que contratam fotografos simplesmente pelos equipamentos, preços e afins. Esquecendo do principal: o olhar! O que mais poderia formar um fotografo, não é!? O que seria da tecnica, da teoria e da pratica sem essa visão, expressão até do que se vê?
Parabéns,
Bjs
Gabi
A fotografia atual perdeu a poesia, assim como a lingua portuguesa perdeu o sentimento, para um monte de letras quase sem sentido: VC, naum entre outras.
Vejo muita gente falando muito e fazendo pouco, o pouco que se faz é crédito da marca do equipamento, as pessoas que tem um trabalho interessante, nao sabem porque chegaram a ele, talvez estejam se descobrindo.
Alguns tiveram trabalhos maravilhosos no passado, que vejo atualmente mergulhados em seu proprio ego e orgulho, e completamente cegos, surdos.
A fotografia esta viva, fotografar com alma e paixao é a solucao, pensar no ato. acompanhar as mudancas, refletir o passado, discutir fotografia, aprender com o amador e com o profissional.
Precisamos mudar, voltar a vender sonhos e parar de fazer pastelaria.
Claudio Fett
Um desabafo ????
Clicio, nos ultimos dez anos apareceram cursos de todos os lados, e pessoas das quais nunca ouvi falar, simplesmente por uma oportunidade de ganhar algum dinheiro que não conseguem com trabalho fotograficos.
Abraço
Caro Newton,
Não há reserva de mercado. Tenho a mais absoluta convicção que o estudante vai saber separar o joio do trigo. Se não for por percepção, será quando começar a doer muito no bolso…
Clício, os próprios estudantes, através do boca-a-boca, vão falando para os amigos quem é sério e quem não é. Quando eu comecei com a Escola de Imagem muita gente criticou. Pessoas que hoje inclusive já sumiram do mercado ou estão prestes a sumir. O importante é colocar a cabeça no travesseiro e dormir com a consciência tranquila de que o trabalho não é oportunismo. As escolas multiplicaram nos últimos tempos conforme disse o Newton Medeiros. No entanto há muita gente séria e o cliente cada vez mais seletivo. O mercado se auto-regula como em qualquer área. É questão de tempo.
Parabéns pelo post. Não poderia ser tão bem escrito e tão oportuno. Vou colocá-lo no meu blog.
Um abraço!
Ótimo texto, só me fez concluir o que eu pensava há algum tempo… o pessoal aprende muito especificamente e esquece do resto ou do essencial. Parabéns pelo post! abraços.
Clicio, esse questionamento é um dos pontos fundamentais que me motivou a batalhar pelo projeto da revista. Vejo nichos que não se comunicam e são redundantes. Converso com pessoas altamente capacitadas em sua especialidade, mas que não tem essa visão ampliada e porisso equivocam-se vergonhosamente quando o assunto foge a seus domínios. Está fazendo falta esse conhecimento mais amplo, tanto para veteranos quanto para quem está se formando agora.
Temos que conhecer a história da fotografia, o pensamento filosófico, as primeiras referências, sem deixar de estar antenados com a contemporaneidade, a evolução da tecnologia e do comportamento.
É preciso estudar, praticar, duvidar de dogmas e refletir. Ousar e experimentar sempre. Encontrar nosso olhar personalíssimo.
Que bom que você continua a semear indagações dessa natureza! Que tenhamos todos boa colheita!
[…] leia antes esse ótimo texto do fotógrafo Clicio Barroso e reflita um pouco sobre o […]
Olá Clicio,
Ótimo texto.
Sem saber e sem teorizar, acho que inconscientemente venho passando por esse processo. Já fazem alguns anos que venho me dedicando ao assunto, seja estudando, seja praticando ou seja até mesmo tentando me econtrar no meio disso tudo. De uns tempos pra cá descobri uma área que eu gosto e estou tentando investir nisso (como vc viu pelo blog novo), mas tenho sentido necessidade de alguns cursos ou workshops específicos na área que quero atuar. E por tudo isso que vc falou é muito difícil encontrar e até mesmo escolher que curso fazer. Sempre fui muito auto didata e estudei sozinho, mas cheguei num ponto que estou precisando de alguem me dirigindo, me dando caminhos, não sei… O problema é que estou começando isso tudo tarde demais, não posso fazer o esquema tradicional que seria ser assistente de alguem ou coisa do gênero. Preciso correr em dobro para tirar o tempo perdido. Acho que nessas horas, o talento ajuda um pouco, espero ter o mínimo para poder superar tudo isso e consequir chegar a algum lugar. E estudar sempre.
Obrigado por me fazer refletir um pouco sobre isso.
Abs
Danilo
Clicio,
belo post.
Antes de partir para o mercado eu tive que me sentir seguro daquilo que eu estava propondo. Eu tenho uma forte auto-critica, tenho certeza de que tenho muito para aprender, me sinto um aluno eterno porque acredito que todo dia aprendemos mais alguma coisa. Neste caso o que vale é a consciência de cada um.
Hoje eu vejo dois grandes probemas com o mercado, um é a questão do fácil acesso, como você falou, o cara hoje compra uma câmera, faz um curso no final de semana e já passa na gráfica para fazer o cartão de fotógrafo. Se o cara for popular, tiver uma boa rede de conhecimento, no dia seguinte está fotografando. Como esse fulano não tem nenhuma noção de profissionalismo, vai fazer o preço que der na cabeça, vai colocar no automático e sentar o dedo.
Aqui no Nordeste ainda é pior, para fazer um casamento você não precisa nem ser cadastrado na igreja.
Infelizmente é isso é o que acontece todo dia. Assim como eu vejo uma nova escola de fotografia abrindo todo dia em uma esquina. São por essas e outras que acho que cada vez mais precisamos buscar o profissionalismo da fotografia, e por isso eu acredito que associações tipo a Fototech são fundamentais para alcançar esse profissionialismo.
Hoje eu tenho a fotografia como minha segunda profissão, e por isso me dou o luxo de fotografar muito mais por amor e prazer do que para apenas me sustentar. Eu todo dia vivo um dilema, se largou ou não a minha outra atividade para viver apenas de fotografia, mas quando olho para o mercado de hoje fico desanimado. Torço para que isso mude no futuro.
Um abraço.
Alessandro disse:
“Eu todo dia vivo um dilema, se largou ou não a minha outra atividade para viver apenas de fotografia, mas quando olho para o mercado de hoje fico desanimado. Torço para que isso mude no futuro.”
Pois bem, como diz o post do Melcher, logo abaixo deste, a responsabilidade é sua, Alessandro. Nós temos que fazer a mudança, e não ficar esperando que “aconteça”.
Não vai acontecer sem ‘personal commitment’ por parte de todos que querem uma fotografia melhor…
Caraca! Tudo que penso!
Tentei colocar isso em texto, por várias tentativas mas nunca consegui! Tiro o chapéu mais uma vez.
“Para quem faz da fotografia o seu meio de expressão, as três abordagens andam de mãos dadas, logo há de se ter um certo domínio de todas (além de cultura geral; visitar muitos museus, galerias, livros e praticar a reflexão).”
“Tenho como certo que, quaisquer que sejam as pretensões de quem quer aprender, a sua fotografia só pode se beneficiar se os três fatores estiverem em equilíbrio e as prioridades bem definidas; e isto requer tempo. Tempo de absorção, de reflexão, de treinamento, de escolha de caminhos.”
Cândido Neto
Cândido,
No seu caso, não é necessário.
Você é um daqueles que nasceu com talento.
De sobra.
Educar é uma das coisas mais dificeis porem mais prazeirosas e gratificantes da vida .
Fotografar tambem .
Otimo Clicio .
Boa discussão Clício.
Há um texto do Prof. Ettiene Sammain (antropólogo com uma vivência e pedagogia singulares) discutiu a origem da palavra técnica no grego “techné” que significa arte.
Arte significa assim a capacidade do ser humano em resolver coisas com o seu conhecimento de forma criativa.
Concluindo que o ato criativo vem da técnica, da formação, talento, vivência e prática.
Tudo que não se ganha de presente, se conquista.
Um abraço
Aureliano
Aureliano,
Obrigado pela referência do prof. Ettiene, vou pesquisar. Certamente está na biblioteca do Senac, não?
Caramba, se me permite, passarei a usar esse texto como referência sempre que for falar algo sobre fotografia, seja em faculdade ou cursos particulares.
Pois ai esta retratado a loucura não só da foto, mas do mundo que muito oferece e pouco cobra, dos que “buscam” aprendizado (na verdade títulos).
Em universidades os alunos querem o mesmo sistema decorativo que aprenderam com os pais, com as escolas e com tudo no mundo.
Parabéns e vamos continuar batalhando por um lugar melhor feito por pessoas pensantes e capazes de transformar o mundo e, não um mundo capaz de transformar pessoas.
Gostei muito do seu ensaio e da sua crítica.
Concordo com você que é preciso um caminho do meio entre filosofia, técnica e teoria, e gostaria de somar a esses três o exercício do olhar e a auto-crítica.
Só tenho uma ressalva ao que você disse, o pressuposto fantasioso de que existe “talento”, algo sobrenatural que nasce com a pessoa… Este conceito afasta todos os não iniciados da vida na arte e do aprendizado nas artes visuais.
Talento também se adquire, se aprende através do exercício e da dedicação constante. Do esforço e do suor.
Talento está implícito na vontade de aprender e de exercitar de forma auto-crítica o que aprendeu.
Um curso de final de semana não ensina a ninguém mesmo… aliás… nada que dure apenas 1 final de semana pode realmente prestar… o cara que vai fazer um curso destes precisa sair sabendo que ele aprendeu as bases e que apenas com o exercício árduo e constante é que ele vai se tornar um fotógrafo de verdade.
Mas isso se aplica a todas as áreas do conhecimento e não pode ser diferente nas artes.
A técnica, a filosofia e a teoria encurtam alguns caminhos, para evitar que o cara tenha que reinventar a roda no processo de criação fotográfica. Mas não se pode dizer que ter aulas destas áreas de abordagem do assunto sejam inúteis.
A arte contemporânea sofre dos desvios ocasionados pela falta de novidade e pelo final do escândalo. Buscando o novo vemos muitos artistas conceituados e fotógrafos excelentes mostrando a decomposição da imagem pela perda do foco e pela velocidade do nosso tempo. Acho experimentos válidos no campo da arte, independente de eu gostar ou não.
Abraços!
Rodrigo
Assim como você, não gosto dessa categoria “Talento”. Como tudo na vida, fotografar se aprende, e talento pode ser medido em quantidade de sincero (ressalto: sincero) esforço para aprender, compreender, praticar.
A segunda questão é sobre o quanto se aprende em um dia, em uma hora, em um minuto. Minha prima fez durante anos um curso de piano, sem nunca ter se tornado pianista. Embora todo aprendizado profundo necessite de tempo, há uma dimensão do aprendizado que é a de insight. Hoje somos assim, amanhã uma idéia nos surge e já somos completamente diferentes em relação a algo.
Uma colega de trabalho certa vez me cobrou eu pensar de forma diferente a respeito de um assunto em relação ao que pensava antes. Eu lhe disse ter mudado de idéia. Falou-me irônica: “Rápido!”. Eu lhe respondi: “Num só momento!”. Porque a partir de um momento em que uma nova compreensão surge, já somos outros, já pensamos diferente.
Assim, um pequeno workshop pode ser muito valioso, ver uma exposição pode ser muito valioso, observar uma foto de outro, ou mesmo uma nossa, pode ser aquilo que deflagra a mudança.
Sem dúvida!
A questão do tempo é relativa ao olhar e à vontade da pessoa. E ainda tem aqueles momentos que chamamos de “a ficha caiu” nos quais tudo se junta e faz sentido. E isso pode ter a duração de 1 pequeno segundo!
Simplifiquei a questão do curso de 1 dia, pensando no aprendiz iniciante, levado a acreditar que ele sairá de lá fotografando como um profissional como disse o Clício.
Gostei do seu acréscimo de que “talento pode ser medido em quantidade de sincero (ressalto: sincero) esforço para aprender, compreender, praticar.”
O ponto é exatamente este!
Tem que haver uma certa sinergia entre o aprendiz e o que ele está aprendendo, se não houver este “encaixe” a pessoa não aprende mesmo!
As vezes o aprendiz é tocado pela técnica, outras vezes pela filosofia e outras ainda pela teoria, e esse toque inicial é fundamental para fazer com que o aprendiz tenha interesse em dar continuidade para investir em seu talento.
O caso do Piano pode ser esse, tem gente que faz aula de piano a vida toda e não cai a ficha nunca… não é “tocado” pelo piano.
Abraços e obriagado pelo debate inteligente!
Ivan, Rodrigo;
Não coloquei o talento como categoria em meu texto, e sim abaixo dele, como irônica conclusão.
O problema aqui é definir talento. Um artista naïf, sem cultura, sem aprendizado, mas que pinta (ou borda, tanto faz) maravilhosamente bem, com paixão, sem saber o porquê, tem o que?
Sorte?
Muitos chamam isso de talento.
Um artista culto, esforçado, estudado, que chega a resultados surpreendentes depois de muita reflexão; não tem talento?
Esta é uma (outra) excelente discussão!
🙂
Obrigado por participarem.
Clício; Não é sorte, é uma educação visual na maior parte das vezes ligada a uma tradição, então o escultor de madeiras em Minas Gerais “bebeu” a tradição do Barroco Mineiro, etc. E há os que são tão entregues ao transe que por essa entrega desenvolvem extraordinariamente um viés estético. Normalmente são personalidades completamente assimétricas (vide Arthur Bispo do Rosário). Porque essa assimetria provoca uma sobremobilização das energias psíquicas em uma direção, e isso é também esforço sincero, mais que sincero, aliás.
Clício,
Uma coisa não impede a outra, parto do princípio que Talento é exercício reflexivo e árduo do artista. Ou como disse o Ivan (acho que conheço o Ivan…:-) ) “SINCERO”.
O artista que não fez escola mas se mantém pintando ou esculpindo ou fotografando se é uma pessoa que insiste e reflete sobre o que faz, desenvolve sua linguagem própria e natural. Isso é talento? É, nasceu do nada? Não. Nasceu da vontade que o indivíduo deixou fluir e trabalhou intensamente nela.
Ele também aprendeu, apenas deu uma volta maior dos que os que fizeram cursos e seguiu outros caminhos na arte, nunca menor nem errado.
Concordo que não é o diploma que faz o artista ou fotógrafo e sim seu trabalho.
Obrigado pela acolhida voltarei sempre!
Já linkei seu blog lá no meu!
Abraços
[…] por aí, mas deixando a rasgação de seda de lado, recomendo a leitura do seu post intitulado “Os equívocos do aprendizado fotográfico”, pois é uma ótima reflexão sobre a cena atual do aprendizado fotográfico e da conduta que nós […]
O texto ficou muito preciso. Existe de fato uma bipolaridade e existe uma tendência a pessoas ocuparem posições próximas aos pólos, ou de um praticismo imenso e estéril, ou de uma teoria que fica vazia de resultados. Fotografia, sendo uma coisa muito boba, é algo terrivelmente complexo também. Porque ao nos colocar diante da tarefa de representar, nos obriga a possuir um pensamento sobre essa representação. Ao nos colocar diante de um referente, que é essencial para a fotografia, mas que não é a fotografia, nos obriga a uma Yoga de atenção a essas sutiliezas. E a fotografia tem uma técnica, que é aparentemente simples, mas infinitamente combinável.
Não sendo profissional da área, nem pretendendo ser, vivo essas questões agudamente. E concretamente, pois é através de cada fotografia, do emaranhado de técnica, estética, narrativa, conceito que cada fotografia é que essas questões tornam-se vivas. Cada uma dessas facetas, tomada por si só, desnatura o objeto, pois eis que a estética se faz através da técnica, o conceito pela estética, a narrativa pelo conceito e estética, em um emaranhado de determinações recíprocas.
Há outros dois pólos na fotografia. Há o pólo de tomá-la simples, algo que se faz e feito tem seu valor -e essa vertente pode produzir ótimas fotografias- e o outro de viver esse emaranhado, gostar dele, não desejar simplificá-lo.
De toda maneira, a teoria jamais pode ter autonomia diante dos fatos fotográficos. Sua capacidade é mais reflexiva que gerativa.
Uma outra questão e a formação de uma memória visual.
Qual a memória visual da maioria das pessoas a chegarem no território da fotografia? Pois bem, é o hábito de ver revistas. É essa a fotografia que conhecem.
Mas as artes visuais têm uma longa história.
Ocorre que nas artes também quem delas se acerca hoje fica desorientado. O camarada vai a uma mostra. Lá encontra instalações. “É para achar bonito?” “Bonito é uma palavra aplicável?”. Porque de fato há um rompimento entre a arte e a estética.
Isso dificulta a formação dessa memória visual, e faz a pessoa ouvir as teorias como validações, pois também aquilo que viu chamado de arte valida-se pelas teorias (sem aqui nenhum juízo de valor sobre a arte contemporânea, que como tudo, tem coisas boas e coisas péssimas).
Isso estimula alguns a adotarem o pólo teórico e acharem este validar suas por vezes incipientes produções.
Bem colocado também.
Confunde-se harmonia estética com arte, beleza com gosto e tenta-se colocar tudo no mesmo prato.
A simplificação é absurda na arte. Quer-se colocar a arte em um espaço delimitado pela matemática e pela técnica para se criar mercado e valor monetário e aí é que a coisa se confunde e se complica.
Eu sempre voto pela alfabetização visual, pois imagem fotográfica, como qualquer forma de arte e de representação possui uma linguagem própria com gramática, sintaxe e ortografia.
Ao artista contemporâneo cabe transcender a linguagem, mas sem, no entanto deixar de dominar a língua plenamente.
Faço um paralelo com o aprendizado da língua portuguesa, como é possível fazer uma piada ou um trocadilho sem conhecimento completo da língua e da cultura nascida com ela?
Sem o domínio da língua tentemos a produzir obras vazias e descontextualizadas, pobres enfim.
Assim é com a fotografia.
Abraços
O grande problema, Rodrigo, é que a maioria dos que chegam na fotografia acham-se visualmente alfabetizados sem sê-lo de fato, e pegam suas referências “da Veja, da Playboy, da National Geographic” como modelos de excelência, quando não de um folheto turístico. É claro que cada uma dessas revistas ou folheto pode ter fotos excelentes, mas separar isso também exige alfabetização, e separar a excelência editorial da excelência fotográfica idem.
Clício vc colocou aqui o que todos que fazem, obsevam, julgam, ensinam e admiram fotografia precisam tem em suas mentes para fazer um caminho ” honesto e talentoso ” .
Quero caminhar em direção a esta harmonização!
Ainda chego lá!
Tenho visitado sempre seu link/blog e constatado que precisamos mesmo estar conectados!
Obrigado!
Kika
Por isso que digo que ser fotógrafo não é mole não… Tem que viver o que faz! Ótimo post!
Abraços,
Querido Clicio
Fotografo desde os 1962.
Fui ouvinte atento numa riquíssima palestra que fizestes em Salvador, (Salvador Foto Clube) no auditório do QG da Policia Militar.
Ao terminar a citada palestra cresci em entusiasmo e em vontade e, por conta disso, continuei fotografando, visitando seu site, lendo seus artigos e sempre tentando melhorar.
Hoje, ao ler esta matéria, e olhe que não sou mais aprendiz, decidi: Vou parar de fotografar.
A carapuça coube, certinha, na minha cabeça (calva). Rs rs rs.
Espero que continue dando essa magnífica colaboração ao fotógrafos brasileiros.
Um grande abraço.
Parar por que?
Por que parar?
🙂
*NADA* do que está escrito é para incentivar alguém a…parar!
Continue, mesmo que não queira mostrar; continue!
Estou com o Clício e não Abro!
PARAR? Que isso!?!
Tem nada aqui para fazer ninguém parar de fotografar!
Para não!!!!!!!
Abraços
Grande Clicio, falou e disse. Vou postar um link no meu blog para esse post.
Clicio semana passada refleti muito sobre este assunto quando fui falar para alguns alunos de uma faculdade do interior sobre fotografia publicitária e minha experiência prática….”o repertório de vivência de cada um é tão importante quanto a técnica fotográfica”…mas me perguntei se um vive sem o outro? E qual seria o mais importante o lado filosófico e semiótico ou o técnico? Naquele dia disse que o mais importante para um fotógrafo, seja ele publicitário, jornalístico, social etc. é o repertório que ele conquista em sua vida. De nada adianta saber as técnicas se não tem sensibilidade ou repertorio para tal absorção e interpretação. Leio muito o que vc posta e tudo que é falado na lista e pouco me expresso , não sou um fotografo de muito estudo técnico e nem fui assistente de ninguém famoso; o pouco que sei foi ralando muito na pratica e na vida, e seus pensamentos como de outros colegas que sempre se expõem são de muita ajuda para a arte de fotografar, e se todos nós fizermos nossa pequena parte acredito sim em mudança de uma profissão que sofreu tantas transformações nestas ultimas duas décadas. Sempre existirão os que sabem passar a idéia e os que sabem executar, e os que conseguem os dois, e nem por isso os outros são piores, é só cada um se por a fazer o que é capaz.
Obrigado por ricas reflexões, continue sempre
Clicio,
Eu incluiria ainda nesse currículo uma pitadas de ética e compromisso
Iatã
Caríssimo Iatã;
Ça vas sans dire, mon ami !
Obrigado pela lembrança e por comentar.
ótimo texto, também já havia feito essa constatação, e já repassei para meus amigos fotógrafos, os ‘profissionais’, os ‘artísticos’ e os ‘filosoficos’ e para aqueles que simplesmente já nascem com talento.
Muito bom Clicio. Sou membro do Grupo Luminous de Fotografia e aprendo muito por lá, mas as contradições que vc muito bem colocou aqui eu vejo em todo lugar. Vou copiar e colar seu texto e levar para a próxima reunião do grupo. Se puder vou deixar em um quadro de avisos que tem lá, dizendo é claro que fui eu quem colocou, para todos refletirem sobre o texto.
Abraço.
Márcio Ramos fotógrafo amador
Quem agradece sou eu, pois sempre que visito seu blog ou podcast agrego valor e conhecimento fotográfico a minha vida. Abração! Evandro
[…] Leia “Os equívocos do aprendizado fotográfico“ […]
E certamente vale para todos os tipos de cursos Clicio. Muito bacana esse overview!
Ainda mais no Brasil onde desde o jardim de infância a tendência é repassar informações voltadas para a decoreba de regras e conceitos, fórmulas e tabelas que um dia cairão no vestibular e que depois lembraremos que esquecemos quase tudo que vimos na escola!
Ao invés de despertar a paixão pelo aprendizado, tolhe-se a criatividade com decorebas por mais de 17 anos de “educação” continuada … e as empresas ainda querem profissionais críticos e reflexivos .. vai entender !!!
Muito interessante o tema!!
Sempre sinto que tenho que aprender mais e mais a cada dia. E tenho a sensação que se um trabalho não me surpreende, havia algo de ”errado”. Não que essa surpresa seja em termos de ”happy accident”, mas no encontro de soluções e antecipação de resultados, baseados em técnica e empirismo.
[…] Os equívocos do aprendizado fotográfico Pode-se ensinar fotografia de três modos; o técnico (prático), o conceitual (teórico), e o […]
Oi Clicio !
Amei esse post …
Vi uma frase outro dia que achei bem interessante
“Você não pode comprar um bisturi e sair dizendo que é um cirurgião.
Você não pode comprar um capacete e dizer que é um astronauta.
Mas você pode comprar uma máquina fotográfica e sair dizendo que é um fotógrafo?”
Por mais que essa frase tenha sido tirada de um programa de humor escrito pela Fernanda Young, é uma verdade.
Eu sou um grãozinho de areia nesse mundo da fotografia, tento estudar bastante, pesquisar enfim…
Já passei por uma situação de trabalhar numa empresa, com still, e “alguém” dispertar um interesse, poruq eé legal sabe, mas ao invés de ir aprender, comprou uma câmera e está trabalhando com fotografia … assim, do nada.
Mas são coisas que acontecem, a digital popularizou um pouco a fotografia, o que por um lado é bem bacana, mas por outro todo mundo se acha fotografo …
Mas ainda bem que temos excelentes profissionais no mercado (como vc) que nos ajudam a aprender …
Bjs Tati
Clicio,
Parabéns pelo texto. Só alguém que incorpora de maneira equilibrada estes 3 fundamentos da fotografia poderia escrever isso.
Abraço
Paulo.
Excelente texto !!! Concordo em gênero, número e grau … obrigada por compartilhar 😉
Bjinhos 🙂
Clício,
tudo o que escreveu é a mais pura realidade, e acho que vivi o aprendizado da forma mais dura na maioria deles.
A muito tempo atrás, antes de meu primeiro curso de fotografia acabei entrando num projeto coletivo de fotógrafos num circo… achava que tinha um equipamento bom e que só com ele faria boas fotos (antes só fotografava lazer). Na holra a curadoria que decepção mas também lição, preciso aprender tb a teoria. Acho que minha sorte foi que o curso que tive não era apenas teórico e sim muito prático e preocupado com o desenvolvimento do olhar fotográfico, vi em poucos meses uma evolução muito grande, um aprendizado de um admirável mundo novo.
A uns 6 meses estou na jornada da prática do novo, fotografar em estúdio sem nunca ter feito, aprendendo com os erros e com as leituras, ouvindo e pedindo conselhos de amigos como vc experiêntes na matéria. Mas mesmo assim, sem o treino, a teoria do que eu faço e a busca de algo fora do padrão, achoq ue não estaria saindo do lugar.
Agora falta o último passo, não comentado em teu texto por não ser genérico a todos, como transformar tudo isto em algo sustentável e duradouro como profissão.
Entrar no mercado hoje demanda mais uma série de batidas de cabeça, mais doloridas talvez do que as anteriores que dei… mas o importante é ter foco no que é o deu objetivo como fotógrafo e deixar o resto vir junto, no seu ritmo e linguagem.
Gostei muito do seu texto Clicio e conheci alguns macaquinhos treinados na escola, eu mesma fui algum deles no inicio, rsss
Também passei algum tempo tentando absorver o que aprendi, refletindo, treinando (inclusive o conheci nessa fase) e escolhendo o meu caminho. Hoje fotografo com a preocupação de unir o tecnico e o conceitual (vou agora me preocupar com o filosofico tambem, rsss) para não fazer um trabalho medíocre.
Adorei a abordagem que você fez! Parabéns!
Beijo grande, Lucia
[…] Os equívocos do aprendizado fotográfico. Pode-se ensinar fotografia de três modos; o técnico (prático), o conceitual (teórico), e o filosófico […] […]
Com talento se nasce.
Talento é o diferencial.
Tecnica e educacao e exercicio podem refinar o talento.
Exercicio, educacao e tecnica nao criam talentos.
Talento é diferencial de percepcao, de sensibilidade e de expressao. Assim se nasce. GIFT!
É so dar uma olhada na “producao artistica” atual com o evento da digitalizacao e os que tem talento sobressaem. O resto é o resto. Montes de restos, democraticamente expressos, mas restos.
Oi Clicio!
Como visitante assíduo (diria eu diário!) do seu blog, confesso que fiquei assustado com esse seu post!
Se por um lado conclama os fotógrafos profissionais a resistirem, e esperarem que os maus fotógrafos caiam fora do mercado (que é ótimo, pois penso o mesmo dos pseudo-analistas de sistemas que fazem um curso de final de semana e se dizem profissionais), assusta fotógrafos amadores como eu, que fazem por amor, e nunca pensaram em ser profissionais, mas gostam de conversar sobre o assunto e só querem curtir a fotografia no final de semana com muitos cliques e canecas de chopps.
Me assustou ler tudo isso de um cara que tem Podcasts, ministra cursos e workshops que com certeza não são direcionados prá profissionais já estabelecidos, e sim para os que querem se estabelecer ou ainda para amadores como eu.
Esse seu “flerte com o radicalismo” me fez desistir do sonho de fazer um workshop com vc, pois vi que vc, caso eu fosse, seria visto como um “indigno de portar uma SLR”, pelo simples fato de que ainda estou na fase do “chato” (“Nada mais chato do que aqueles que entendem tudo de equipamentos, mas não possuem um olhar fotográfico. Fotografam mal.”).
Continuo admirando seu trabalho, seguindo seu blog, e babando nas suas fotos do flickr, mas… um pouco mais triste por ver um “ídolo” desprezar tanto assim os menos talentosos.
Abração!
Camilo,
Desculpe o mau jeito, mas onde foi mesmo que eu escrevi “indigno de portar uma SLR” ?
Desculpe pela segunda vez, mas você escreveu: “…um pouco mais triste por ver um “ídolo” desprezar tanto assim os menos talentosos…”
Não pode estar falando de mim. Ídolo? Não tenho esta pretensão, apenas ensino o pouco que sei. Desprezar?
Por favor, de verdade, leia o meu artigo novamente. Onde você acha que eu desprezo os “menos talentosos”?
E eu não conclamei ninguém a nada!
Não escrevi isso adiante, e não consegui entender de onde tirou esta conclusão “…conclama os fotógrafos profissionais a resistirem, e esperarem que os maus fotógrafos caiam fora do mercado…”. Eu estou falando de formação fotográfica, estou falando dos educadores, estou falando dos métodos de ensino, e não de profissionais versus não-profissionais (o que seria uma bobagem hoje em dia, essa divisão maniqueísta está se desvanecendo).
Sorry, mas achei a sua tristeza um equívoco…
Meu irmão Clic!o, muito atual e importante o seu sentimento aqui abordado.
Veja só, fica difícil transmitir tanta sabedoria, e não só sobre a fotografia, em pequenos momentos de contato em aulas virtuais ou presenciais.
Como tudo na vida, a vontade de se descobrir é o cerne da questão.
Hoje, esta profissão chamada fotografia, está cada vez mais longe daquilo que aprendemos nas aulas dos anos 70.
Aliás, a 30 aninhos atrás, achávamos que fotografia era arte, lembra?
E hoje escuto tão pouco sobre a arte de fotografar.
O pessoal anda se perdendo mais no “como fazer” do que no “o que fazer”, e esta ligeireza está presente em todos segmentos profisionais, é cada vez mais complicado desfrutarmos da “arte de fazer arte”. Parece até que o “tempo” está acabando, não é?
Clicio, acho que chegou a hora de você partir para uma escola das Artes Fotográficas & Afins.
Ou seja, coloque 5 dependentes da fotografia, escolhidos a dedo, como era em 70, e faça-os completos. Transmita todos os caminhos possíveis e impossíveis, mas não se esqueça, eles tem que ter o dom, a vontade e me desculpem os “experts”, mas há que se ter muito talento sim, ou então troque seu celular por um mais novinho.
Acho que desta forma você vai encontrar o que procura.
Um beijo,
Zéca
Zéca, brother do coração;
Obrigado pelo seu comentário, como sempre agregador e cheio de boas idéias.
O problema parece ser achar quem queira “perder” alguns anos aprendendo o essencial…
Mas ainda tenho esperanças de que as coisas mudem; não que voltem a ser como já foram um dia, o que seria um retrocesso imperdoável e nostálgico, mas sim que a mentalidade evolua, amadureça, entenda a importância de saber pensar, e ter o que mostrar.
Abração, Clic¡o
Clicio,
Me pergunto sempre: como se ensina fotografia? Ao lado desta pergunta vem sempre outra: Como se aprende fotografia?
Como um saber técnico é possível aprender fotografia sozinho. Mas, é só um dos caminhos possíveis. Até porque o conhecimento não se constrói de um modo exclusivo, mas em percursos múltiplos.
Concordo com você que o caminho da excelência é permeado por três domínios. Penso que eles são como um tripé: interdependentes e complementares. O domínio técnico é essencial. Saber acionar os dispositivos, adequar conteúdo à forma. O domínio conceitual idem. Hoje, fotografa-se muito, mas vê se pouco fotografia, principalmente as referências e contextos históricos da fotografia. Por fim, o domínio conjuntural e estético. Saber ver onde se manifestam as tensões e problemas do meio, onde as tendências surgem, onde elas naufragam, como e porque.
Defendo ainda que quem sabe muito apenas sobre um desses domínios, caminha de modo manco; quem tem dois desses domínios, caminha devagar; quem elabora nos três ambientes, caminha na direção correta. Se isso é suficiente para ser excelente, não sei. Mas é necessário.
Um grande abraço e parabéns pelo texto. Vou usar em sala de aula.
– Afonso.
Parabéns pelo post, obrigada por compartilhar!
[…] fotografia em estúdio e do processamento digital de imagens (o blog onde está blublicado éeste: https://clicio.wordpress.com/2009/05/10/os-equivocos-do-aprendizado-fotografico/ ), após ele ponho o comentário que adicionei no blog dele sobre o […]
Bom dia, é um prazer conhecer seu blog, descobri através da propaganda na revista Fotografe Melhor, vim acompanhando a leitura dos seus posts, achei a foto da Ellen linda, e o que vc postou em relação a foto também. Resolvi escrever aqui meu primeiro comentário porque me identifiquei muito com o que vc escreveu. Desde dos 9 anos sou apaixonada por fotografias (mais ainda por ser fotografada rsssssss), registro tudo desde então, aliás dou na mão dos outros para registrar, interessante que os presentes que mais eu ganho são máquinas fotógraficas e livros, resolvi agora tentar adquirir alguma técnica nesse hobbie, não pensando em me profissionalizar, pois meus caminhos embora estejam de alguma maneira paralelos ao da fotografia, são outros, sou especialista em Marketing (usamos a imagem), fiz a pouco um mestrado em História com foco pra História e Memória, e reprodução dos espaços (a imagem esta diretamente ligada), inclusive minha pesquisa foi sobre o cinema novo, onde pegamos vidas secas, deus e o diabo na terra do sol, que tem imagens e imagens, técnicas e técnicas todo o tempo. E como tenho estudado agora a história do mobiliário, acabo me deparando com imagens lindas de ambientes… Então isso aumentou minha vontade de conhecer um pouco a técnica do que amo.
Quando vc falou da filosofia com uma “certa” e acertada crítica, achei interessante sua segurança e sorri, pq adoro teorizar as coisas e tenho visto como certas teorias são absolutamente “bestas”, teorizar tudo querendo ser racional demais é tão subjetivo e pode desqualificar muitas coisas e elevar a mediocridade como vc bem citou! Meus Parabens! Quero ler muito e ver suas dicas pois acredito que tenho muito o que aprender por aqui e já lhe digo que tem sido muito dificil entender as técnicas do que ja uso tanto mas de maneira aleatoria, sem conhecimento algum, como era facil tirar uma foto desfocada e como me deixava chateada e agora leio varias vzs como fazer p deixar um fundo desfocado e como é dificil… Já me deu vontade correr, mas a vontade de fazer algo mais delicado não me fará desistir e confesso que ando morrendo de vergonha de publicar minhas fotos em meu blog, pq agora as acho tão inferiores comparada as belas fotos que tenho visto aqui pelos meus passeios pela net e pra variar meu equipamento em nada me ajuda, veja; comprei uma maquina que é considerada a mais fina do mundo, mas que nao faz muita coisa, alias nao faz nem metade do que eu poderia fazer com essas canons ditas intermediarias q custam o mesmo valor da minha fina e pra variar nao posso comprar outra agora rsssssss! Mas nao vou desistir e fiquei realmente alegre com esse post elçe me deu um novo animo, suas palavras me deram vida,pois qdo somos de “fora” e vemos tanta teoria e tanta técnica nos assustamos e realmente elas tem q ser equilibradas e tentarei correr p pegar um pouquinho desse equilibrio p ficar feliz com o que fotografo e conto com sua ajuda, que alias ja estou contando tendo em vista o trabalho que vc coloca aqui a nossa disposição!
Fique bem
Syl Marques
Olá Clício!
Gostei muito do post, e ainda mais por estar intimamente ligado com este assunto nos últimos tempos…
tentei mandar um email direto para você com alguns questionamentos sobre o ensino universitário da fotografia, mas como ainda não recebi uma resposta, tentarei jogar a questão por aqui mesmo =)
Estudo na UnB e, como disse no email, o cenário q encontramos lá é, como vc disse…
“(…) uma fotografia teorizada, idealizada, ensinada por quem mal sabe fotografar, acaba por vezes distanciando o estudante do que é realmente fotografar, frustrando e por vezes deixando perplexo aquele que consegue pré-visualizar o resultado, mas não consegue executá-lo.”
A questão é: Existe algum modo de tornar o ensino da fotografia, dentro de uma faculdade de Comunicação Social, mais completo e estimulante?
E esse equilíbrio deveria ser feito de forma dividida, com matérias separadas com ênfase em cada um dos 3 pontos? Ou tudo deve ser aplicado ao mesmo tempo?
Obrigado pela atenção!
Espero a sua opinião e a de todos os interessados…
Gustavo,
Comunicação Social?
Espero que sim; nos Bacharelados de Fotografia, certamente.
O problema parece ser a percepção distorcida da burocracia vigente na academia, onde a fotografia é vista como subordinada ao texto (mesmo em faculdades de áreas visuais); não entendem que a fotografia é um idioma, e precisa ser aprendido.
Uma faculdade deveria ensinar os três pontos, intercomunicando-se, entrelaçados, simultaneamente.
Mas essa é só a minha humilde opinião, e certamente não vai mudar muita coisa.
Abraços,
Clic!o
Que texto!
É isso que busco…
Caro Clicio,
gostei de ler seu texto. Estou aqui em Londrina e foi justamente esta a temática de hoje no curso. Como falar de fotografia sem conhecer história da fotografia (e isso inclui a parte técnica: equipamento e laboratório). Como falar de fotografia sem incluí-la dentro de um contexto sócio-cultural. Como falar de linguagem se desconhecer que técnica e linguagem fotográfica estão interligadas.
O problema é que se fala muito, e mal, sobre fotografia.
Querida Simonetta;
Ter a tramafotográfica em pessoa por aqui é sempre um prazer!
Que bom que está com a turma da UEL tratando disso, pois vou em seguida a Londrina para dar uma aula aí, na pós-graduação. O caso é que há realmente muitos falando, mas poucos ensinando, o que é uma grande pena…Além da falta de percepção dos que falam grandes bobagens como se fossem grandes verdades!
Beijo,
Clic!o
[…] postei aquele pequeno artigo sobre o aprendizado fotográfico, que gerou quase 80 comentários, algumas conversas paralelas me chamaram […]
Pensar o que de pessoas que, em um tempo imensamente menor que eu conseguem fazer coisas que eu demoraria meses ou anos estudando e transpirando? Estas pessoas existem, queiramos ou não. Cada um tem a inteligência mais desenvolvida para uma área específica, como afirma a teoria das inteligências múltiplas. Se o cidadão tem enorme facilidade para executar determinada tarefa e continua a exercitar, ele voa. Se não exercita mesmo assim pode (ou não) fazer coisas surpreendentes, que a maioria das pessoas terão que ler e praticar muito para alcançá-lo. Em fim, negar a inteligência eu não nego. Trabalho árduo resulta em grandes habilidades e resultados surpreendentes também. “Não restam dúvidas de que a dedicação intensa e precoce produz grandes habilidades. Quem sabe, pode até tornar as habilidades inatas irrelevantes.”
Clicio
Belo texto, bastante apropriado e bem discutido.
Eu, da minha parte, sigo o pensamento que não se chega a lugar nenhum sem se passar pelo percurso. É aí que vai se adquirindo tudo o que está listado acima, sempre com generosidade e compreensão de que sempre se tem algo para aprender, em qualquer um dos três pilares colocados. Isto somado à sua experiência pessoal e como vc a traduz na sua expressão é que vai fazer vir à tona a arte e florescer o talento. A expressão “se acha” usada por vc em alguma resposta é a chave. Hoje em dia o “se achar” reina em várias áreas. Às vezes chegando às raias do insuportável, quase.
O importante é ter discernimento, consciência e conhecimento.
E talento é, pra mim, a evolução de uma habilidade através da prática, mas não a prática rígida e uniformizada mas sim aquela que alia um olhar pessoal e muito particular sobre as coisas, cultivado com sensibilidade, ao suporte prático/técnico necessário à expressão do mesmo. Disse João, o Guimarães Rosa: Mestre não é quem sempre ensina, mas quem depressa aprende.
É por aí
Abraço,
Juca Filho
Juca,
você diz:
“O importante é ter discernimento, consciência e conhecimento.”
O que resume de forma concisa e discreta o que tento dizer em palavras que insistem em nascer tortas.
Obrigado pelo seu comentário, volte sempre!
Clicio
É um regalo quando um texto cheio de significado como esse vem de quem efetivamente possui os três pilares firmes: técnica, filosofia e teoria.
Há uma imensa diferença de atitude entre quem olha a sua foto e pergunta como foi feita, e quem olha a sua foto e pergunta com que câmera foi feita.
Agora, um depoimento altamente pessoal.
Eu twittei este artigo umas quatro vezes, então muita gente da “geração Flickr”, seguidora do último modismo fotográfico do momento e ainda carente de cultura visual, virá para cá ler e, quem sabe, refletir sobre a real amplitude da fotografia.
Como o Clicio, também tive formação de designer. Mas achava que não tinha “mão” para fotografia, e não persegui um desenvolvimento fotográfico, mesmo com todos os recursos ao alcance. Só bem depois de estabelecido como designer e outras coisas mais é que fui me descobrir pela primeira vez fotografando, não somente operando a câmera.
Isso levou um longo tempo de amadurecimento. Considero que minha primeira fotografia de verdade – em oposição a registro fotográfico, que é o que quase todo mundo faz efetivamente – só vim a produzir lá pelos 35 anos de idade. E ao comparar o que produzi com o que imaginei, nunca fico satisfeito: quero mais.
A minha salvação, e ao mesmo tempo minha perdição, é que não dependo da fotografia para sobreviver. Mas dentre os mundos culturais por onde vagueio, é o da criação de imagens que mais me preenche o coração.
Essa inquietude é fundamental para não engessar as práticas e sempre buscar algo além da satisfação de momento, que é a pauta da nossa época e uma causa fundamental do presente fracasso da cultura.
Mário,
Instigante a sua inquietude, e louvável a sua postura de paciência oriental na busca da boa imagem.
Também me preocupo com o imediatismo, e com o fracasso da cultura, e procuro fazer a minha parte, assim como você.
Vamos vencer e reverter esse quadro de mediocridade.
Abraços,
Olá Clício! (novamente)
Se você permitir incluirei este post no meu trabalho de conclusão de curso na UnB. Ele foi de grande valia e se transformou numa das bases de argumentação e busca de novos rumos para o meu trabalho, uma defesa pela reestruturação do ensino de fotografia na Faculdade de Comunicação.
Obrigado por nos proporcionar tamanha reflexão!
Abraço,
Gustavo.
Gustavo,
Claro que pode!
Só não esquece dos créditos…
🙂
Bom TCC !
Gustavo,
muito bom o texto. Eu não sou fotógrafo de profissão. É apenas um hobby que agora quero aperfeiçoar. Entendo somente o básico, mas sei que você tem que estar certo do que vc está fotografando, e saber que tal momento ficaria ótimo se eternizado. Técnicas e equipamentos estão à disposição de todos mas, imortalizar uma imagem, só por saber que ela pode ser única, é muito difícil.
abs
Olá Glício,
Parabén pela lucidez de seu texto. É bom ler bons artigos que oxigenam nosso ambiente de fotografia tão intoxicados de idéias vazias e conceitos furados.
Um abraço grande,
J. Gerald Padilha
Parabéns pela sua constatação!
O ego sem humildade cega pessoas, inúmeros querem prevalecer, mostrar-se, gabar-se, opinar, apenas em nome da vaidade.
É uma pena! 😦
O sentimento de humildade e o pensamento de “ainda existe muitas coisas para descobrir e eu não sei mais do que ninguém” é uma pincelada fundamental de quem quer se intitular de um verdadeiro artista!
O olhar artístico e a educação do mesmo é um continuo estudo de analise, aprofundado no decorrer de toda a vida para a grande maioria das pessoas, e além do termo da nossa vida, ainda existe coisas para sentir, descobrir e aprender. Por isso, ninguém pode dizer “eu sei tudo”.
A condição imperfeita dos homens deste mundo que amam as coisas materiais impede-os de ter uma vida espiritual artística,
o padrão de vida moderno não permite viver ou coabitar com a nossa mãe natureza, lugar supremo para inspirações artísticas.
Um verdadeiro artista é aquele que abdica de fazer parte deste mundo, repudia o seu modo de pensar e prefere se refugiar numa casa de campo para poder exercer sem nenhuma pressão externa o seu trabalho artístico.
O espírito artístico é uma dádiva divina, quem sabe observar os projectos divinos e prestar-lhe profunda admiração sabe reconhecer onde existe mesmo arte genuína pura!
O homem não é um criador, é apenas um transformador da matéria, por isso o homem nunca criou nada! Ele não sabe esfregar as mãos e do nada aparecer algo! 🙂
Ups…falei demais? 🙂
Ahh…esqueci-me, quando o homem diz “criei algo”, ele está a plagiar a obra de deus! 🙂
Texto muito, muito bom! Todo professor de fotografia deveria entregar uma cópia para seus alunos no primeiro dia de aula, hehe.
Assim ficaria óbvio para todos eles que o ensinamento em si não vale muito, se cada um não sair da sala e correr atras do caminho que quer seguir, por vontade própria.
O ensinamento é só um conceito, e a fotografia é muito ampla. A criatividade está aí pra isso. Cada uma aproveita à sua maneira.
Clício,
Muito interessante seu artigo. Acabei de abrir um tópico sobre ele no BrFoto, que é exatemente o que buscávamos para ilustrar as recentes discussões em torno de equipamento e arte que andam acontecendo por lá.
Hoje em dia vejo o predomínio de dois tipos de fotógrafos: aqueles que gostam mais de equipamento do que de fotografia e aqueles que criam um conceito abstrato profundo justificado por um pomposo discurso em português rebuscadíssimo para justificar fotos terríveis e classificá-las, segundo seu próprio conceito, como arte.
Acho que todo fotógrafo deve ter em mente um pouco dos 3 conceitos, e conhecer mais a fundo aquele que lhe for mais importante para seu trabalho.
Boa Clício, boa…concordo em gênero número e grau, o Ignácio sempre me fala sobre isso, que a geração flickr se preocupa mais de “como fazer” do que “o que fazer”. As pessoas hoje são meio medíocres com relação a conteúdo aliado a técnica. Mas confesso que depois de tantos anos de fotografia e com a massificação da imagem fica cada vez mais difícil ser original, bem…pelo menos eu acho.
Bom texto.
Clício, não tenho muito a dizer porque já disseram tudo! Apenas acho, que além Técnica, conceito, filosofia, entra toda a questão de Talento e Criatividade, também já citado, mas para mim em qualquer arte, alias, em qualquer profissão, ter BOM SENSO, é sim um grande passo para o aprendizado. Boa postagem, sucesso sempre!
Comentário da perspectiva de leitor (espero que não seja o único a pensar assim): ADORO seus posts, mas a diagramação “estilo Saramago” é cansativa. Seria mais agradável (para mim, pelo menos) se você “quebrasse”o bloco de texto, ou destacasse alguns elementos, ou colocasse imagens complementares (ao menos espaço entre parágrafos)… qualquer coisa que ajudasse os olhos a “correrem”melhor pelo post.
Parabéns pelo texto!
Abraços!
Sua reflexões me tornam cada vez mais uma pessoa e um profissional melhor, obrigado!
Se uma foto vale por mil palavras, vc escolheu a foto certa pra ilustrar este artigo. Como se dissesse, é assim que tem que ser… parabéns pelo brilhantismo!!!
Olá Clicio…sou formado em publicidade desde 2001, tenho 37 anos…e sempre amei fotografia…hoje tenho um bom material para trabalhar…aprendi algumas coisas na raça, outras com amigos, outras com fotográfos como Joao de Matos Smith Jr, J.Smith que falou que te conheçe…mas algo que é fundamental é o olhar…a essencia do olhar do fotografo em enxergar o que os outros nao veem…o olhar tecnico é uma coisa, mas precisa ter a tecnica e alma ataves do visor…por que nao ousar o diferente? Oliviero Toscani ousou…adora sair do convencional…esta bem se for comercial seguiremos algumas tecnicas, mas ousar o olhar na mesma proporçao…estou aprendendo muito com voce e seus cursos e livros…estao me ajudando muito…nao sei se viverei de fotografia, mas nao viverei sem fotografar…sempre estar reciclando e ousando…eu penso assim…agradeço ao seu posts e tudo que nos auxilia….abraços e clicks a todos…
Excelente reflexão, este artigo caberia direitinho para aqueles que promovem workshops, freneticamente um após outro com as mesmas abordagens, e não excluindo aqueles renomados nacionalmente.
É discutível e ao mesmo tempo inconcebível pagar para participar de tais palestras, seminários, congressos, etc. onde “profissionais” que acabaram tendo uma sorte na carreira se auto-intitulam ESTRELAS da fotografia contemporânea. Tenho convicção destas palavras por ter vivido um experiência desagradável no qual participei em um destes encontros. A estrela da vez, solicitou que fosse anunciada a sua entrada e que todos os colegas se levantassem para recebê-lo com salva de palmas. Cara, ali eu percebi a propriedade do ser ou não ser, do saber e do TENTAR saber.
Artigo sábio e muito bom augúrio, espero que muitos profissionais tenham acesso e sejam mais conscientes para quando serem a “voz da vez” em frente a colegas que buscam um pouco mais de conhecimento.
Achei o texto bem interessante. Me incluo no rol dos ilustres desconhecidos professores de fotografia. Concordo plenamente que em um fim-de-semana não se faz um fotógrafo, mas concordo também que não se faz um em um curso de graduação de quatro anos. Isso independe do tempo, depende exclusivamente do aluno aspirante à fotógrafo. A função de um professor de fotografia é ensinar, a função do aluno aprender. Nestes anos que trabalho com fotografia sempre preferi os professores que me ensinaram porque sabiam ensinar. Os que fotografam bem e me ensinaram não tão bem, foram menos valiosos. Acho a técnica fundamental, mas acho principalmente a filosofia fundamental. Isso que fazemos agora, não é outra coisa senão filosofia, discutir e argumentar acerca de algo que nos é tão valioso, afim de descobrir onde isso tudo vai nos levar, qual o melhor caminho a seguir para nossa fotografia.
[…] Texto cedido gentilmente por Clício Barroso e publicado anteriormente em seu blog […]
Clicio vi esse post repostato no blog do vinicius matos, e depois de ler tenho tenho que parabeniza-lo pelo simples bom senso e conciência da necessidade desse elo ligando esses tres topicos que vc citou técnica, teorico e pratico.
O o fato de reconhecer isso ja é digno de valorizar seu trabalho, é claro sem contar toda sua experiencia e portifolio, mas hj é raro isso no mercado bom senso.
só acrescento mais um item no meu ver teria 4 tópicos e não 3, o ultimo seria o amor pelo que faz, de verdade, o tesão por fotografar sem pudores, a dedicação por aquilo que faz e que ama fazer, no meu ver o amor completa esse elo.
eu trabalho a 7 anos com isso, sou muito novo e estou só começando, passei por diferentes equipes, trbalhei com ótimos e nao tao bons fotografos, mas sempre no backstage com ediçao e diagramação de imagens. Hoje estou prestes a comprar minha primeira camera, e principalmente disposto a aprender sobre isso, pois sei como é olhar de quem nao fotografa, mas trabalha com fotografia. quero aproveitar todo esse repertorio que guardei nesse tempo de studios, quero aproveitar a pratica de mercado, mas principalmente quero aproveitar os erros das pessoas com quem ja trabalhei, para n minimo evita-los, quero saber bem o que faço. pois ja conheco e ja amo muito isso.
ótimo post, valido pra todos da nossa profissao.
muita luz para nós!
William
[…] postei aquele pequeno artigo sobre o aprendizado fotográfico, que gerou mais de 80 comentários, algumas conversas paralelas me […]
Clicio, parabéns pela matéria!
Embora soe para muitos como desalento a notícia do grande equívovo entre o prático, o conceitual e o filosófico também no aprendizado fotográfico (porque já o constatei nas artes cênicas e na literatura; que chato, estendendo a análise a outras esferas do aprendizado, qual estará dotada dessa completitude? Acho que a raiz do problema está no ensino básico, onde a integração e pluralidade interessa a poucos, nessa máquina de fabricar pseudoalfabetizados), não devemos parar jamais.
Desistir de abrir os olhos aos de visão curta e de expandir o olhar não deve estar nunca nos planos de quem se leva a sério, como fotógrafo, como ator, escritor, ser pensante, gente de valor, enfim.
Opa, ainda em tempo: “grande equívoco”.
Abraços.
[…] xeque na Photoshop Creative, veja o blog. Update 03: Este artigo está diretamente relacionado as falhas do ensino fotográfico. Share and […]
Excelente!
Olá Clício,
Obrigado pelos seus ensinamentos.
Durante a semana passada li um Tweet que acusava os amadores de ameaçarem os fotógrafos profissionais, talvez devido à profusão de belas imagens disponibilizadas gratuitamente na WEB. Comentei que, de forma análoga, os processadores de texto fizeram sumir a datilografia, assim como a imprensa fez sumirem escribas e glosadores. Sinal dos tempos?
É preciso encontrar caminhos.
Concordo com você que destaca o fato de técnica, conceitual e filosófico serem elementos indissociáveis no aprendizado e no próprio fazer do fotógrafo.
O fotógrafo temer a multidão de amadores que hoje têm facilidade de adquirirem ótimas câmeras e obterem lindas fotos é o mesmo que um sábio temer a multidão que tem acesso a milhões de livros e documentos, hoje disponíveis para qualquer um. No mundo há espaço para todos, mas só uns poucos serão sábios, assim como não tantos serão gênios ou profissionais da fotografia.
O processo criativo é único e alguns chegam muito mais longe do que outros. Talento? Creio que sim, também, embora não só isso. Mas o exercício permanente do ofício abraçado, a busca permanente pelo saber, a reflexão aprofundada sobre essa práxis, a paixão pela sua atividade.
O que faz com que um rosto se destaque em meio à multidão? Talvez o sorriso, o olhar, as linhas e curvas do rosto, as cores, os movimentos. Também é assim com as flores, e com as pinturas. Quem deixaria de se aperceber da exclusividade dos Girassóis de Van Gogh? E há tantos milhões de girassóis pelos campos. Da mesma forma com a fotografia e com alguns fotógrafos.
Estás certo ao destacar a importância daquilo que eu creio seja a síntese no saber fotográfico. Não é só o domínio da semiótica, da teoria ou da prática diária. Embora a prática, associada a outros elementos, tenda a conduzir à perfeição. É o que dizem.
Assim como a mesclagem de cores, pinceladas e ritmo se juntam ao olhar do pintor e contribuem para a feitura de uma tela, o saber fotográfico ocorre quando o indivíduo constrói uma das possíveis combinações dos diferentes elementos que tornarão distinta a sua fotografia. Neste ponto, a criação não mais passará despercebida em meio à multitude de imagens que povoam o nosso mundo. Talvez seja isso o que denominamos arte.
[…] intitulado “Os equívocos do aprendizado fotográfico.”, o qual deixei em seu blog (https://clicio.wordpress.com/2009/05/10/os-equivocos-do-aprendizado-fotografico), em […]
[…] lidos, e deixo aqui os links para cada um deles, na sequência em que foram postados. Aproveitem! Os equívocos do aprendizado fotográfico Talento não existe. Não? Talentos […]
[…] De Clício Barroso >>> Link […]
[…] https://clicio.wordpress.com/2009/05/10/os-equivocos-do-aprendizado-fotografico/ Like this:LikeBe the first to like this post. This entry was posted on 0, 9 9UTC setembro 9UTC 2011 at 14:23 and tagged with Aprendizado, arte, Clicio, reflexão, Técnica, teoria and posted in Filosofia. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. « Captar pessoas e expressões únicas […]
[…] lidos, e deixo aqui os links para cada um deles, na sequência em que foram postados. Aproveitem! Os equívocos do aprendizado fotográfico Talento não existe. Não? Talentos […]
Gostei muito do que lí, justamente hoje eu estava pensando a respeito do talento na fotografia, eu acredito que exista sim a pessoa que tem talento, e aliada a todos esses fatores, que fazem parte da personalidade fotográfica faz esse talento ser lapidado e melhorado, confesso que fiquei com medo……é um longo caminho a ser trilhado mas caminhando é mais fácil chegar do que ficar parado na estrada, estou vivendo um dilema muito grande, me formo esse ano na faculdade de Design gráfico em Mirassol e justamente no 5º e 6º semestres tive aulas de fotografia e acabei gostando mais ainda…..e agora…design ou fotografia? Amas áreas muito difíceis de começar e ainda mais para quem já é casado e tem família para sustentar, mas como já estou na estrada deixa eu tomar uma água e recuperar o fôlego pra continuar a correr. Obrigado Clicio pelos vídeos e textos, tudo isso está me mostrando onde estou e onde posso chegar. Abraço.